阅读:最后一支老乌龟
A incrível história do Solitário George, a última tartaruga de uma das ilhas Galápagos, e as tentativas de tirar a virgindade do coitado e salvar sua raça da extinção George não quer saber de transar. Não é culpa dele, coitado: até onde se sabe, George teve uma infância difícil e cresceu sem conviver com o sexo feminino. Não adiantou nem presenteá-lo com um harém só dele (coisa tão rara na terra de George quanto por aqui). É verdade que uma charmosa garota suíça chegou perto de fazê-lo desencalhar, mas ela precisou voltar para a Europa pouco tempo depois. Aí a coisa toda desandou. George, codinome “o Solitário”, está longe de ser um rapaz tímido. Trata-se de um macho de tartaruga-gigante das Galápagos, arquipélago equatoriano no oceano Pacífico. E tudo indica que o bicho é o último representante de uma raça milenar de répteis, que só existia numa das ilhas, Pinta. Daí o desespero de pesquisadores e ambientalistas para que George perca a virgindade: se o bicho passar desta para a melhor sem se reproduzir, as tartarugas-gigantes de Pinta estarão extintas. Apesar de todos esses elementos cômicos, a história de George está mais para um dramalhão. Sua saga mostra com perfeição as trapalhadas que os seres humanos fizeram num dos ambientes mais isolados e ricos do mundo, as Galápagos. E o elenco da história também não é dos piores: conquistadores espanhóis, bucaneiros e até o pai da Teoria da Evolução, Charles Darwin – sem falar na ovelha Dolly. Surpresa gigante Nossa história começa em 1º de dezembro de 1971, quando um casal de americanos – o biólogo especialista em caramujos Joseph Vagvolgyi e a esposa, Maria – fez uma visita à ilha de Pinta e deu de cara com o bicho. Os dois não tinham a menor idéia de que, até onde todo mundo sabia, a subespécie de tartaruga-gigante da ilha (de nome científico Geochelone nigra abingdoni) já estava extinta. O último bicho desses visto em Pinta havia sido coletado por naturalistas em 1906. Assim, os Vagvolgyis, despreocupadamente, foram tirar uma foto dele. George não estava lá muito bem-humorado. “Ele enfiou a cabeça dentro do casco e fez um barulho irritado, mas acabou se acalmando”, relata Joseph Vagvolgyi. O biólogo comentou casualmente o fato com os pesquisadores da Estação de Pesquisa Charles Darwin (CDRS, na sigla inglesa), uma das instituições responsáveis pelo trabalho científico e de conservação ambiental nas Galápagos. O pessoal da CDRS quase teve um treco: era preciso dar um jeito de localizar o bicho. Uma expedição partiu para Pinta e confirmou a presença da tartaruga por lá. E foi em março de 1972 que George (batizado em homenagem ao comediante George Gobel, sucesso da TV americana na época) foi capturado com todo o cuidado e levado para a área que é seu lar até hoje, um luxuoso cercadinho na CDRS, na ilha de Santa Cruz. A idade do animal é um mistério. As tartarugas-gigantes das Galápagos são provavelmente os bichos com maior expectativa de vida do mundo: tudo indica que elas podem alcançar os 200 anos de idade. Teoricamente, portanto, George poderia até ter conhecido Charles Darwin em sua passagem pelo arquipélago em 1835 (ele não desembarcou em Pinta, apenas tripulantes do Beagle que recolheram espécimes animais e vegetais e os levaram para bordo). Também está claro que o bicho já era adulto quando foi descoberto – ou seja, tinha pelo menos 30 anos. O mais provável, segundo a maioria dos pesquisadores, é que George tenha uns 80 anos, ou seja, está na flor da idade para um macho de sua raça. Como é que a situação da subespécie de Pinta ficou tão periclitante? Na verdade, ela é só mais um caso dentro da monumental onda de azar que afeta as espécies das Galápagos desde que os europeus puseram os pés pela primeira vez nas ilhas, no século 16. Localizado a quase 1 000 quilômetros da costa do Equador, país ao qual pertence hoje, o arquipélago virou covil dos piratas ingleses que predavam as riquezas das colônias espanholas da América do Sul. As ilhas são, por um lado, laboratórios naturais: como estão totalmente isoladas do continente (e umas das outras), um punhado de espécies foi parar ali milhões de anos atrás e teve todo o tempo do mundo para evoluir em formas especializadas – e, às vezes, bizarras. Não é à toa que os dados que Darwin recolheu nas Galápagos foram importantes para o desenvolvimento da Teoria da Evolução no clássico livro A Origem das Espécies, de 1859. Essa é a parte boa de evoluir numa ilha. A ruim é que os animais e plantas insulares são extremamente vulneráveis à chegada das chamadas espécies invasoras, que vêm de regiões muito distantes e não possuem inimigos naturais no novo hábitat. Os invasores se comportam feito uma rede de supermercados que chegou a uma cidade onde só existiam mercearias: tomam conta do novo ambiente e dão uma dor de cabeça danada na concorrência. No caso das tartarugas-gigantes, cabras européias comeram os vegetais que antes estavam à disposição de George e família, enquanto ratos europeus se banquetearam com ovos e filhotes da subespécie. 相关资料 |