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全国等级考试资料网 2022-06-04 06:01:23 155

quase todo o universo é formado de puro vazio. e esse vazio completo - o nada - é muito mais pesado que todo o resto do cosmo. n?o entendeu? os cientistas também n?o. mas a história por trás disso é fascinante

a história das descobertas sobre o universo tem sido uma humilha??o atrás da outra para a humanidade. um resumo: há 2 mil anos, imaginava-se que éramos o ápice da cria??o e nosso planeta, o centro do mundo. mas a terra acabou se revelando um dos muitos súditos do sol, e o homo sapiens, um neto recente na genealogia dos macacos. até o sol, que foi um símbolo da divindade em outros tempos, n?o passa de um gr?o de poeira brilhante entre incontáveis estrelas. o orgulho humano, naturalmente, ficou reduzido a praticamente nada.

mas eu disse nada? n?o foi por acaso. é que n?o chegamos ainda ao fundo do po?o – e o fundo do po?o é justamente o nada. nadinha de nada. elimine todo tipo de matéria ou de radia??o, até os gases mais rarefeitos e as menores partículas at?micas. agora estenda a limpeza aos quatro cantos do espa?o. você criou um universo vazio. claro que isso é um absurdo – algo como uma laranja sem gomos nem casca.

mas vale a pena insistir nessa experiência imaginária porque os cientistas que estudam o universo fizeram algo parecido com ela. o que descobriram é, ao mesmo tempo, muito difícil de acreditar e praticamente impossível de contestar. especialistas de várias universidades americanas, com base em imagens da radia??o de fundo do universo – o brilho que sobrou do big bang –, chegaram à conclus?o de que, se você tirar tudo o que é possível do cosmo, toda matéria, todos os micróbios, as rochas, animais, galáxias, átomos, luz, ele ainda continua pesando três quartos do que pesava antes. para ser preciso, restam 73% da massa original.

nenhuma pessoa sensata aceitaria a sugest?o de que essa é a massa do nada. só que os físicos, cosmologistas e astr?nomos n?o s?o pagos para terem bom senso – sua obriga??o é investigar o cosmo com todo rigor e descobrir do que ele é realmente feito, por mais estranho que possa parecer. eles est?o, há muito tempo, convencidos de que, mesmo num lugar vazio, existe alguma coisa (veja na próxima página uma breve história do conceito do nada). mas nem essa gente t?o acostumada a surpresas esperava que essa alguma coisa fosse a maior coisa que existe, a ponto de carregar, sozinha, três quartos da massa do universo. o universo é quase todo nada (veja no quadro da página 72 a medida do quanto ele é vazio).

esse paradoxo é o mais impressionante e assustador de todos os pesadelos para o velho e cada vez mais distante sonho da humanidade – o de decifrar os segredos do cosmo. as descobertas s?o mais um golpe duro no nosso orgulho. até porque, mesmo entre aqueles 27% que sobram quando excluímos o nada, 23% s?o, na verdade, um tipo bem estranho de matéria: a matéria escura, que contém esquisitices como os buracos negros, sobre a qual sabemos bem pouco. nós – as coisas feitas de átomos, como pessoas, planetas, estrelas e galáxias – n?o passamos de 4% do total. essa é a verdadeira medida da nossa insignificancia cósmica.

o mais chocante é descobrir, a essa altura dos acontecimentos, que somos gr?os de poeira suspensos entre o nada. n?o é muito fácil explicar o que isso significa. a saída é imaginar que o nada está embutido dentro do próprio espa?o. cada grama de matéria está permeado por uma imensid?o invisível de nada. esta revista, nas suas m?os, contém toneladas de nada. e você, leitor – n?o leve a mal –, está cheio de nada. pense em uma malha muito fina escondida debaixo de cada trilionésimo de milímetro do cosmo e que atravessa tudo, inclusive os nossos corpos. com um detalhe: essa malha é totalmente imperceptível e inofensiva em condi??es normais, mas é muito maior do que tudo o que está "acima" dela. caso contrário, n?o teria o peso que tem. os cientistas costumam descrevê-la como um abismo imenso, escavado sob cada ponto do espa?o. e até eles ficam assustados com essa imagem.

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